Quando Jânio Quadros renunciou ao cargo de Presidente da República em 25 de agosto de 1961, o vice-presidente João Goulart estava fora do país em visita à China.
Visitar a China naquela época era algo inadmissível em função da Guerra Fria, e o afastamento ideológico existente entre os Estados Unidos e seus aliados e a então União Soviética e os demais países comunistas, em especial o país de Mao Tsé-tung.
O que anos mais tarde foi considerado um golpe de mestre no jogo de xadrez da geopolítica internacional quando Richard Nixon, presidente norte-americano, visitou a China em 1972, era algo inimaginável e até mesmo temerário em 1961.
O Brasil já estava na zona de risco para os norte-americanos, em especial após Jânio Quadros ter condecorado no dia 19 de agosto de 1961, com a Grã Cruz da ordem Nacional do Cruzeiro do Sul, “Ernesto Che Guevara”, o guerrilheiro argentino que fora um dos líderes da revolução cubana.
Mas voltando à renúncia de Jânio Quadros, foram momentos muito difíceis e de instabilidade nunca vistos em nosso país desde 1954, nos incidentes antes e após o suicídio de Getúlio Vargas.
Os militares, sob influência direta dos Estados Unidos que temiam que nos tornássemos uma nova Cuba com um governo de linha popular-esquerdista, tentaram impedir que o vice-presidente assumisse o cargo para o qual tinha sido legalmente eleito.
No sul do país, Leonel de Moura Brizola, então governador do Rio Grande do Sul, dava início a um movimento de resistência, pregando a legalidade, ou seja, a posse de Jango, como João Goulart ficou conhecido.
Brizola falava ao povo pela Rádio Guaíba, iniciando em 27 de agosto de 1961 o movimento denominado a “Rede da Legalidade”.
Os discursos de Brizola eram transmitidos a partir de um estúdio montado no porão do Palácio Piratini, sob orientação do engenheiro Homero Simon, que cuidou para que rádios do interior do estado retransmitissem a programação da Guaíba.
Nas ondas curtas da Guaíba, a legalidade alcançava ouvintes em outros estados da nação e minava a tentativa de golpe. Brizola conseguiu adiar, mas não eliminar o ímpeto golpista que acabou por derrubar João Goulart em 1964.
Brizola foi e é o “Herói da Legalidade”.
Em 27 de Agosto de 1961 Brizola fez o seguinte discurso:
"O Governo do Estado do Rio Grande do Sul cumpre o dever de assumir o papel que lhe cabe nesta hora grave da vida do País. Cumpre-nos reafirmar nossa inalterável posição ao lado da legalidade constitucional. Não pactuaremos com golpes ou violências contra a ordem constitucional e contra as liberdades públicas. Se o atual regime não satisfaz, em muitos de seus aspectos, desejamos é o seu aprimoramento e não sua supressão, o que representaria uma regressão e o obscurantismo.
A renúncia de Sua Excelência, o Presidente Jânio Quadros, veio surpreender a todos nós. A mensagem que Sua Excelência dirigiu ao povo brasileiro contém graves denúncias sobre pressões de grupos, inclusive do exterior, que indispensavelmente precisam ser esclarecidas. Uma Nação que preza a sua soberania não pode conformar-se passivamente com a renúncia do seu mais alto magistrado sem uma completa elucidação destes fatos. A comunicação do Sr. Ministro da Justiça apenas notifica o Governo do Estado da renúncia do Sr. Presidente da República.
Por motivo dos acontecimentos, como se propunha, o Governo deste Estado dirigiu-se à Sua Excelência, o Sr. Vice-Presidente da República, Dr. João Goulart, pedindo seu regresso urgente ao País, o que deverá ocorrer nas próximas horas.
O ambiente no Estado é de ordem. O Governo do Estado, atento a esta grave emergência, vem tomando todas as medidas de sua responsabilidade, mantendo-se, inclusive, em permanente contato e entendimento com as autoridades militares federais. O povo gaúcho tem imorredouras tradições de amor à pátria comum e de defesa dos direitos humanos. E seu Governo, instituído pelo voto popular - confiem os riograndenses e os nossos irmãos de todo o Brasil - não desmentirá estas tradições e saberá cumprir o seu dever."
Assessoria-Gabinete
Vereador Adriano Remonti
045 3379 5930
Visitar a China naquela época era algo inadmissível em função da Guerra Fria, e o afastamento ideológico existente entre os Estados Unidos e seus aliados e a então União Soviética e os demais países comunistas, em especial o país de Mao Tsé-tung.
O que anos mais tarde foi considerado um golpe de mestre no jogo de xadrez da geopolítica internacional quando Richard Nixon, presidente norte-americano, visitou a China em 1972, era algo inimaginável e até mesmo temerário em 1961.
O Brasil já estava na zona de risco para os norte-americanos, em especial após Jânio Quadros ter condecorado no dia 19 de agosto de 1961, com a Grã Cruz da ordem Nacional do Cruzeiro do Sul, “Ernesto Che Guevara”, o guerrilheiro argentino que fora um dos líderes da revolução cubana.
Mas voltando à renúncia de Jânio Quadros, foram momentos muito difíceis e de instabilidade nunca vistos em nosso país desde 1954, nos incidentes antes e após o suicídio de Getúlio Vargas.
Os militares, sob influência direta dos Estados Unidos que temiam que nos tornássemos uma nova Cuba com um governo de linha popular-esquerdista, tentaram impedir que o vice-presidente assumisse o cargo para o qual tinha sido legalmente eleito.
No sul do país, Leonel de Moura Brizola, então governador do Rio Grande do Sul, dava início a um movimento de resistência, pregando a legalidade, ou seja, a posse de Jango, como João Goulart ficou conhecido.
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Os discursos de Brizola eram transmitidos a partir de um estúdio montado no porão do Palácio Piratini, sob orientação do engenheiro Homero Simon, que cuidou para que rádios do interior do estado retransmitissem a programação da Guaíba.
Nas ondas curtas da Guaíba, a legalidade alcançava ouvintes em outros estados da nação e minava a tentativa de golpe. Brizola conseguiu adiar, mas não eliminar o ímpeto golpista que acabou por derrubar João Goulart em 1964.
Brizola foi e é o “Herói da Legalidade”.
Em 27 de Agosto de 1961 Brizola fez o seguinte discurso:
"O Governo do Estado do Rio Grande do Sul cumpre o dever de assumir o papel que lhe cabe nesta hora grave da vida do País. Cumpre-nos reafirmar nossa inalterável posição ao lado da legalidade constitucional. Não pactuaremos com golpes ou violências contra a ordem constitucional e contra as liberdades públicas. Se o atual regime não satisfaz, em muitos de seus aspectos, desejamos é o seu aprimoramento e não sua supressão, o que representaria uma regressão e o obscurantismo.
A renúncia de Sua Excelência, o Presidente Jânio Quadros, veio surpreender a todos nós. A mensagem que Sua Excelência dirigiu ao povo brasileiro contém graves denúncias sobre pressões de grupos, inclusive do exterior, que indispensavelmente precisam ser esclarecidas. Uma Nação que preza a sua soberania não pode conformar-se passivamente com a renúncia do seu mais alto magistrado sem uma completa elucidação destes fatos. A comunicação do Sr. Ministro da Justiça apenas notifica o Governo do Estado da renúncia do Sr. Presidente da República.
Por motivo dos acontecimentos, como se propunha, o Governo deste Estado dirigiu-se à Sua Excelência, o Sr. Vice-Presidente da República, Dr. João Goulart, pedindo seu regresso urgente ao País, o que deverá ocorrer nas próximas horas.
O ambiente no Estado é de ordem. O Governo do Estado, atento a esta grave emergência, vem tomando todas as medidas de sua responsabilidade, mantendo-se, inclusive, em permanente contato e entendimento com as autoridades militares federais. O povo gaúcho tem imorredouras tradições de amor à pátria comum e de defesa dos direitos humanos. E seu Governo, instituído pelo voto popular - confiem os riograndenses e os nossos irmãos de todo o Brasil - não desmentirá estas tradições e saberá cumprir o seu dever."
Assessoria-Gabinete
Vereador Adriano Remonti
045 3379 5930
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