terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Vereador questiona a destinação final de produtos recicláveis; Secretaria do Meio Ambiente contesta



Um vídeo produzido pelos assessores do vereador do Partido dos Trabalhadores (PT), Adriano Remonti, tem causado polêmica em Toledo. Segundo o vereador, ele recebeu uma denúncia em seu gabinete de que parte do lixo do Projeto Tooreciclando está sendo encaminhado para o aterro sanitário de Toledo. Remonti argumenta que a triagem não está sendo realizada em parte deste material e devido ao excesso de produtos no barracão, um caminhão estaria levando os produtos - considerados recicláveis - para o aterro sanitário. No vídeo, o vereador mostra garrafas, papeis, plásticos entre outros produtos misturados ao lixo orgânico. No entanto, o secretário do meio ambiente Delmar Hoffmann e o responsável pelo aterro sanitário, Flávio Augusto Scherer, afirmam que o lixo mostrado pelo vereador pertence ao lixo orgânico dispensado pela população. Remonti contesta o argumento afirmando que o lixo deixado pelo caminhão no aterro sanitário não passou pela triagem e trazia o lixo reciclável. Ainda segundo o vereador o motivo seria o excesso de material para realizar o processo de separação.
O secretário do meio ambiente, Delmar Hoffmann, afirma que a denúncia recebida pelo vereador Adriano é infundada e considerou que as imagens do vídeo não condizem com a realidade do aterro sanitário. “Uma imagem mostra o caminhão jogando o material inservível no aterro, porém não é este o material mostrado pelo vereador. Ele mostra produto do lixo orgânico, pois muitas famílias não separam o material doméstico do reciclável. Logo, é possível encontrar garrafas PET, plásticos e papeis misturados. A denúncia é desonesta e o vídeo induz a opinião da população ao erro. A Associação é responsável pela triagem e nunca deixaria um material reciclado ser levado para o aterro. Isto é impossível”.
O vereador Adriano Remonti esclarece que o lixo deixado pelo caminhão tinha material reciclável que juntava-se com os demais encontrados no lixo orgânico. “Temos imagens que comprovam que o lixo deixado pelo caminhão não é oriundo da coleta doméstica, mas sim, da coleta seletiva, a qual deveria ter aproveitamento para a reciclagem”.
O responsável pelo aterro sanitário, Flávio Augusto Scherer, considera as informações apresentadas no vídeo equivocadas. “Em 2011, encaminhamos a Câmara de Vereadores o projeto do Plano Municipal de Gerenciamento de Resíduos Sólidos, o qual é responsável por definir os tipos de resíduos e sugerir melhorias para o funcionamento do aterro. Além que, a coleta seletiva de Toledo não atende 100% dos bairros. Logo, muitas pessoas não separam o lixo reciclável e, consequentemente, misturam com o lixo domiciliar”.
Remonti lembra que sempre participou e apoiou todas as iniciativas de políticas públicas municipais de proteção e preservação do meio ambiente. “Fui autor de indicações que solicitavam a instalação de ecopontos que visava exatamente a educação para a reciclagem no sentido de construir uma cultura ambiental. Além de educação ambiental, precisamos ter políticas públicas de aproveitamento destes recicláveis, porque é sabido que elas trazem geração de renda e ganho social ao preservarmos o meio ambiente”.
O vereador lamenta que o esforço feito pela população na separação do lixo tenha sido valorizada. “O material não passou pela triagem. Eu vi, presenciei e isso me deixou muito triste. Ao fotografar e filmar esta realidade apenas cumpri o meu papel enquanto vereador e isto não é novo no meu mandato. Todos que me acompanham sabem da minha defesa em favor do meio ambiente”.
Remonti salienta que as crianças aprendem a separar o lixo na escola. “A comunidade sabe disso e a cada dia esta mais consciente deste processo. Eu apoio o Projeto Tooreciclando e conheço a seriedade do trabalho realizado pela Associação. Acredito que não são eles os responsáveis por esta decisão, mas é inaceitável ver um material reciclável jogado na natureza. Em momento algum acusei “A” ou “B”, mas sim, gostaria que este problema se resolvesse. Não quero agredir, mas cuidar do meio ambiente e fazer a minha parte enquanto vereador e, por isso, agi desta forma, gravando e mostrando a todos, até mesmo porque devemos ser coerentes com aquilo que é ensinado nas escolas”.
Processo
O responsável pelo aterro sanitário, Flávio Augusto Scherer, relatou que o aterro sanitário de Toledo recebe dois tipos de resíduos: o orgânico e o reciclável. De acordo com Scherer, o resíduo orgânico é coletado por um caminhão que passa todos os dias em frente das residências toledanas. Já, a coleta do produto reciclável (a seletiva) é diferenciada e é realizada pelos catadores. “Existe um programa lixo útil que tem três modalidades: porta a porta, ponto fixo de troca e os contêineres projeto Tooreciclando localizados na área central. Os produtos são recolhidos e encaminhados a central de triagem do aterro sanitário. Na central de triagem, os vintes associados da Associação de Catadores de Toledo separam os materiais por categorias. Na sequência, os materiais são enfardados, prensados e encaminhados para a comercialização. Nós temos garrafas PET, papeis, papelão, sucatas e alumínio”.
O vereador Adriano Remonti disse que possui conhecimento dos produtos inservíveis, porém ele voltou a afirmar que não foi o que ele viu misturado com o lixo orgânico. “Devido o barracão estar lotado é preciso desafogar o local e alguém decidiu por isso”.
Conforme Scherer, atualmente, o aterro sanitário recebe em média 75 toneladas de resíduos orgânicos e em torno de 70 toneladas por mês de resíduos recicláveis. Com a colocação dos contêineres na área central de Toledo houve um aumento de 20%, o que totaliza em média sete toneladas por semana. A área central é um perímetro definido entre as ruas Parigot de Souza até Piratini e das ruas São João até a Santos Dumont. “Em função deste aumento de materiais estamos dando um suporte para que melhore a triagem no material do aterro. Desta forma, não haverá aumento no número de catadores, mas ampliação no barracão e a colocação de esteira, o que vai facilitar o trabalho dos catadores”.

OPINIÃO: Para pensar

Se com a instalação dos contêineres houve um aumento de 20%, o que totaliza em média sete toneladas por semana, talvez a população não esteja tão alheia a educação ambiental, mas sim, desprovida de políticas públicas que a apõem e a estimulem que este índice seja ainda maior. Os tão desejados ecopontos solicitados pelo vereador Adriano Remonti há muito tempo de fato trariam bons resultados para a cidade e o meio ambiente agradeceria.


fonte: http://www.casadenoticias.com.br/noticias/6108

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